Museu mArte

Mar de Lavanda

Acordo e me vejo

Sob um mar de lavanda,

E então percebo

Que não me lembro

De quem sou,

De quem era,

De quem fui.


Olho ao redor e

Procuro, incalsavelmente

Por paredes, teto ou chão.

Mas não encontro.

Tudo que vejo

É o infinito mar de lavanda.


Corro,

Procurando sinais de vida,

memórias, relíquias.

Mas não encontro.

Tudo de que me lembro

É do atemporal e maravilhoso

Mar de lavanda.


Grito,

Chamando por socorro,

Mas já sabendo que

não vão me escutar.

Tudo que ouço

É o profundo e manso

Mar de lavanda.


Com o pânico já instaurado

Diretamente no meu coração

Começo a chorar

Clamando por redenção.


Foi nesse momento, que escutei um respirar lento

Ecoando por toda a cor lavanda do lugar

E uma voz quase irreconhecível veio murmurar

"Entregue-se a mim e acabarei com o seu sofrimento..."


Meu corpo pesa

E o coração quase para,

Os olhos começam a fechar

E o cérebro a desacelerar.

Não quero morrer,

Mas começo a afundar.


Uma mão me arranca do transe

Me puxando pra fora do mar

Infinito, e um abraço me acolhe

De imediato. Mas em mim,

Permanece a sensação

De que tudo um dia vai se resumir

Aquele infinito e triste mar

De cores infinitamente estupendas.


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