Fuga da Alma
Aviso: Esse texto contém conteúdo referente a morte de animais, e pode gerar desconforto.
Eu vi a morte na minha frente. Não, não quero dizer no sentido de a morte vir me pegar ou algo do tipo. Eu presenciei uma morte.
Há uma semana, ele cruzou nossas vidas. Um cachorrinho de rua, não miudinho, mas ainda filhote. Com pelos escuros e curtos, o chamamos de Pantera. Ele ficava ao nosso lado, durante todo o dia de trabalho, alegre e carinhoso. Adorava carinhos e de pôr suas patinhas nos nossos colos.
Começamos a deixar água e comida para ele, mas já no segundo ou terceiro dia, ele não tocava mais nelas. E na correria do dia a dia, não demos a atenção necessária. Quando percebemos, decidimos levá-lo ao veterinário, mas já era tarde demais.
E foi aí, no sábado, que eu acompanhei pela primeira vez na vida, o processo bizarro que é um ser que deixa de ser vivo. A sensação horrível de ser impotente diante da face da morte, pois nada havia que eu pudesse fazer por ele, além de estar ao seu lado para, ao menos, trasmitir o meu amor para o pobre animalzinho.
Chorei, enquanto sentia seus músculos enrijecer, escutava seu último uivo e via o brilho dos seus olhos se esvaindo lentamente.
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